"PENAS PARA USUÁRIOS DE DROGAS"


Criminalização, despenalização e descriminalização:antes da Lei 9.099/95 (lei dos juizados criminais) o art. 16 da Lei 6.368/1976 contemplava a posse de droga para consumo pessoal como criminosa (cominava-lhe pena de seis a dois anos de detenção). A conduta que acaba de ser descrita era problema de "polícia" (e levava muita gente para a cadeia). Adotava-se a política norte-americana da criminalização. O usuário de droga era um "criminoso".

A partir da Lei 9.099/1995 permitiu-se (art. 89) a suspensão condicional do processo e, desse modo, abriu-se a primeira perspectiva despenalizadoraem relação à posse de droga para consumo pessoal. Afastou-se a resposta penal dura precedente, sem retirar o caráter criminoso do fato.

Com a Lei 10.259/01 ampliou-se o conceito de infração de menor potencial ofensivo para todos os delitos punidos com pena até dois anos: esse foi mais um passo despenalizadorem relação ao art. 16, que passou para a competência dos juizados criminais. A consolidação dessa tendência adveio com a Lei 11.313/2006, que alterou o art. 61 para admitir como infração de menor potencial ofensivo todas as contravenções assim como os delitos punidos com pena máxima não excedente de dois anos, independentemente do procedimento (comum ou especial).

O caminho da descriminalização formal (e, ao mesmo tempo, da despenalização) adotado agora pela Lei 11.343/2006 em relação ao usuário, de modo firme e resoluto, embora não tenha transformado tal fato em infração administrativa, sem sombra de dúvida constitui uma opção político-criminal minimalista (que se caracteriza pela mínima intervenção do Direito penal), em matéria de consumo pessoal de drogas. A lei brasileira, nesse ponto, está em consonância com a legislação européia (que adota, em relação ao usuário, claramente, a política de redução de danos, não a punitivista norte-americana). De qualquer maneira, não ocorreu a total abolição do antigo art. 16 nem da posse de droga para consumo pessoal. Nesse sentido abolicionista acha-se a sentença proferida pelo juiz Orlando Faccini Neto, da comarca de Carazinho (RS). Mas não foi exatamente isso o que ocorreu com a nova lei de drogas, que passou a contemplar no art. 28 uma infração penal sui generis, punida tão-somente com penas alternativas.

Cabimento de transação penal:o novo "estatuto" do usuário, em linhas gerais, é o seguinte: o art. 28 constitui uma infração penal sui generis, da competência dos juizados, permitindo-se transação penal. Aboliu-se a pena de prisão para ele. Jamais ser-lhe-á imposta tal pena. A transação penal (nos juizados) deve versar sobre as penas alternativas do art. 28 e sua duração não pode passar de cinco meses. Essa pena alternativa transacionada não vale para antecedentes nem para reincidência (por força da Lei 9.099/1995, art. 76). Normalmente a transação penal impede outra no lapso de cinco anos. Em relação ao usuário isso não acontece quando ele reincide na conduta relacionada com a posse de droga para consumo pessoal, ou seja, o usuário pode fazer várias transações penais, dentro ou fora desse lapso temporal (em razão do consumo de droga).

Descumprimento da transação penal: havendo descumprimento da transação penal, para garantir sua execução, dispõe o juiz dos juizados de duas medidas (art. 28, § 6º): admoestação (em primeiro lugar) e multa (essa é a última sanção possível). A multa deve ser executada pelos juizados, nos termos da lei de execução penal (art. 164 e ss.). Caso o agente não tenha bens, aguarda-se melhor ocasião para a execução, até que advenha a prescrição (de dois anos, nos termos do art. 30 da nova lei).

"Reincidência" no art. 28: se o sujeito, depois de feita uma transação, reincide (é encontrado em posse de droga para consumo pessoal outra vez), não está impedida uma nova transação em relação ao art. 28, mesmo que dentro do lapso de cinco anos. O que muda, nessa "reincidência" (que aqui é considerada em sentido não técnico), é o tempo de duração das penas: de cinco meses passa para dez meses. Mas não existe impedimento automático (mesmo dentro do lapso de cinco anos) para a realização de uma nova transação. E se o agente praticar outro fato, distinto do art. 28? Nesse caso, a transação anterior impede outra, no lapso de cinco anos (art. 76, § 2º, II, da Lei 9.099/1995).

Sentença final condenatória: caso não haja transação penal, tenta-se em primeiro lugar, logo após o oferecimento da denúncia, a suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei 9.099/1995); não havendo consenso em torno da suspensão ou não sendo ela possível, segue-se o procedimento sumaríssimo da lei dos juizados; as penas do art. 28, nesse caso, são impostas em sentença final, dentro desse rito sumaríssimo. Nessa hipótese a sentença gera todos os efeitos penais (antecedentes, reincidência etc.).

Descumprimento da sentença penal condenatória: em caso de descumprimento da sentença condenatória volta a ter incidência o § 6º do art. 28 da Lei 11.343/2006, ou seja, cabe ao juiz dos juizados ou das execuções fazer a devida admoestação e, quando necessário, aplicar a pena de multa (que será executada nos termos do art. 164 e ss. da lei de execução penal).

Reincidência técnica: caso o sujeito venha a praticar, dentro do lapso de cinco anos, nova infração do art. 28 depois de ter sido condenado antes definitivamente por outro fato idêntico, é tecnicamente reincidente. De qualquer maneira, embora reincidente em sentido técnico, não está impedida nova transação penal para ele (quando pratica novamente a conduta do art. 28). O que muda em relação à anterior transação é o tempo de duração das penas, que passa a ser de dez meses. E se esse o agente tornou-se reincidente cometendo outra infração penal de menor potencial ofensivo, distinta do art. 28? Cabe ao juiz, nesse caso, verificar a questão do "mérito" do agente (antecedentes, personalidade, culpabilidade etc.) assim como a suficiência das penas alternativas em relação à infração cometida. Normalmente, entretanto, a reincidência impede a transação penal.

Como se vê, a nova lei de drogas em hipótese alguma impede nova transação penal para usuário quando ele reincide nessa infração e, de outro lado, de modo algum autoriza aplicar a pena de prisão em relação a ele. O usuário está regido por um novo "estatuto" jurídico no nosso país. Sua conduta ainda não saiu totalmente do Direito penal, mas um dia o legislador brasileiro certamente contará com suficiente coragem para descriminalizar penalmente esse fato, trasladando-o para o mundo do Direito administrativo.

Chegará o dia em que diremos que a posse de droga para consumo pessoal não é problema de polícia nem do Direito penal nem dos juizados, sim, das autoridades, agentes e profissionais sanitários, assistentes sociais, psicólogos, médicos etc. E que não demore muito a chegada desse dia! Devemos proporcionar ao pobre exatamente a mesma política que os ricos (naturalmente) sempre adoraram.


quarta-feira, 3 de agosto de 2011

LEMBRANÇAS DE UM APRENDIZADO FELIZ!



por
Llysanias Pinho
Algumas coisas foram aprendidas durante o tempo em que renunciei a vida que levava no submundo das drogas; o maldito inferno da adicção.
Foi preciso fazer essa renúncia após uma recaída de alguns dias onde; fraco e com a fé abalada busquei mais uma vez a ajuda de uma internação.
Lá naquela chácara humilde e ocupada por pessoas de todos os tipos, pensamentos e comportamentos diferentes; tive a oportunidade de rever alguns fatos.
Após a separação da minha família que era composta de ex-esposa e filha, um mundo infernal possuiu meus pensamentos. E o processo de recaída então surgiu.
Por isso hoje tenho a compreensão do que é uma recaída e o discernimento do que deve ser uma recuperação.
E uma das coisas que dizem e aprovo é que realmente a recuperação é individual. E esse entendimento não é um simples jargão adotado por mim.
A separação em si poderia ter ocorrido até mesmo anos antes. Mas não ocorreu por circunstâncias da vida a qual remeto até mesmo a uma ‘’Força Maior’’.
E dentro de seu tempo permitido ela acabou acontecendo.
Entrei então num inferno de pensamentos destrutivos que abalaram todas as minhas emoções. Acionaram todos meus mecanismos de defesas, despertaram vários defeitos de caráter e me tirou o Norte da espiritualidade em que eu vivia.
Evidentemente que muita imaturidade, questões mal resolvidas e auto-suficiência me deixaram mais vulnerável.
Então vejo hoje pessoas usando drogas fico impotente em algumas questões por entender uma das coisas que me disseram.
E foi lá, naquela chácara num dos primeiros dias que ouvi algo muito importante.
Na verdade numa das primeiras noites.
Após 3 ou 4 dias com a liberdade de pensar se queria mesmo continuar ali, ou então,ter tempo para pensar em voltar ao trabalho e continuar minha ‘’vida normal’’e não usar mais drogas.
Aproveitei essa ‘’liberdade’’ dada pela ‘’casa’’ e me sentava nestes 3 primeiros dias, às sombras das diversas árvores para pensar no que fazer.
Mas meus pensamentos eram tomados pelo sentimento de derrota. E eu só me ocupava em pensar na derrota e questionar-me porque tinha acontecido.
Foi inaceitável naqueles primeiros dias.
E debaixo destas árvores então, pedia a Deus uma explicação.
Questionei-o, zanguei-me e exigi respostas.
Como eu citei, na terceira ou quarta noite; sem sono, e sem vontade de participar da ‘’espiritualidade’’ daquele local; sentei-me na varanda e acendi um cigarro com meu livro que me ajudava com explicações sobre uma determinada religião.
Curiosamente, eu não estava sozinho.
Sentado à mesa, uma das várias mesas que havia na varanda, um senhor com muita experiência em dependência química, adiccto, alcoólico, e inteligente; propôs um dialogo sutilmente comentando sobre o livro que eu carregava.
Mal eu sabia a importância daquele momento e o quanto aquela conversa se reflete nos dias de hoje.
Comentei algumas coisas do livro com ele, o qual ele já tinha algum entendimento.
Algum conhecimento teórico também.
Bem, ficamos das 20 ate’ as 03:00 da manhã num papo longínquo que me fez refletir e decidir a minha permanência naquela chácara.
Comentei a principio sobre minha recaída e os fatores que me levaram a usar drogas novamente com aquele senhor.
Falei do meu inconformismo com as coisas que aconteceram e me levaram’’à queda’’.
Comentei sobre eu estar ali para rever meus valores, meus princípios e pensava em permanecer por 45 dias porque ‘’para mim seria suficiente’’.
Meu auto- engano e prepotência eram evidentes.
Mas minha confusão mental não.
Eu pensava estar certo, mesmo tendo aprendido na primeira internação que a recuperação ‘’era para sempre!’’
E acreditem meus irmãos, ouvi coisas que poderiam me fazer abandonar o tratamento mesmo naquela hora em que a noite chegava à madrugada!
Mas ouvi. E fique com a sensação de ter que discernir o que conversávamos.
E entre as coisas que ouvi como citei no inicio desta ‘’carta’’ foi que eu estava fazendo chantagem comigo mesmo. Que eu não estava em condição de decidir nada. Que a compulsão estava forte e provavelmente eu voltaria ao uso se saísse dali. Que estava bancando a vítima do mundo. O coitadinho. Mas também ouvi durante aquela conversa que eu ‘’aparentava’’ ser um Homem bom. ‘’Senão não daria meu tempo a você agora, a essa hora da noite’’ – foi o que ouvi dele também.
Mais do que ter ouvido, percebi e senti sua vontade em me ajudar. Até porque eu também poderia tê-lo mandado pro inferno e não ter continuado a dar ouvidos.
Mas quero comentar a respeito de algo que me faz pensar até os dias de hoje na frase que ouvi naquela noite.
E essa frase é: ‘’RECUPERAÇÃO TEM PREÇO’’.
Ele ainda comentou que ‘’não seria gostoso abandonar aquela vida de agito, tentações, aventuras, adrenalinas e muita balburdia para viver uma vida monótona; sem drogas.’’
Passei então o resto da semana pensando naquele diálogo.
O que me fez e fez até os dias de hoje tê-lo como um grande amigo.
Mesmo hoje ele estando distante!
Entendo hoje em dia que precisei da HUMILDADE, para ouvi-lo.
Precisei fazer minha parte e essa parte foi a de pensar a respeito daquela conversa.
No carinho e compreensão que tive; pois era exatamente o que eu mais precisava.
Não era dinheiro.
Não havia interesse qualquer a não ser o dele em me ajudar. E o meu em ser ajudado.
Por isso, com muito carinho hoje escrevo a respeito daquele dia.
Daquele momento, daquelas horas da madrugada.
E sou feliz por ter tido alguém tão especial na minha vida!
Precisei ouvir.
E hoje reafirmo e defendo sua ‘’tese’’.
Recuperação tem preço.
Mas é individual.
E tento assim passar os demais algo além do que ‘’levar ao outro a mensagem’’.
Mas fundamentalmente algo que me conduz ao entendimento que não sou só adiccto.
Sou um Ser Humano.
Pense a respeito.
Me ajudou e muito!
Para você; recuperação tem preço?
Qual o preço?
Quanto vale viver de fato e aprender a lidar com as pessoas, o mundo e consigo mesmo?
Quanto vale hoje o sorriso da minha filha?
A confiança das pessoas?
O trabalho?
A saúde física?
O relacionamento que tenho hoje com essa pessoa maravilhosa que chamo de mulher?
A ordem dos meus pensamentos?
A firme fé?
O trabalho solidário que executo?
As horas do meu dia?
A amizade com a mãe de minha filha?
O reconhecimento das pessoas?
As amizades que tenho?
Qual o preço?
Somente sem drogas o cálculo pode ser feito!

O LIMITE DO INFERNO!


por
Llysanias Pinho
O crack está causando danos irreparáveis na vida das pessoas.
O uso de medicamentos para tratamento do vício ou compulsão desta maldita droga é questionável.
A sua abstinência é terrível.
Não se trata de comportamentos alterados, nem tão somente de pensamentos distorcidos.
A confusão mental que o crack causa é notório. Pode ser também irreparável.
Finalmente penso que agora existe uma ‘’droga pior que outra’’.
E essa droga é o crack.
Não sei nada sobre o OXI.
Também não quero saber.
Será ótimo não ter que ouvir depoimentos de pessoas dependentes desta outra maldita droga.
O que puder ser feito para se combater o crack, deve ser realizado.
Mas não sem informações, principalmente vindas de seus usuários, dependentes.
Fala-se em liberar, regulamentar ou descriminalizar o uso da maconha.
Ela ‘’já circunda livre’’ entre os guetos culturais nos bares e portas de universidades por exemplo.
Dá um trabalhão para a polícia ter que fazer apreensão de um ‘’baseado’’.
Usa-se maconha em bares noturnos.
Usa-se maconha na praça perto da sua casa.
Usa-se maconha nas ruas, no prédio onde você mora e no seu bairro.
É pouco; perto dos absurdos que vivemos nos dias atuais.
Mas daí liberar para ‘’passeata’’ é o cúmulo!
O crack já está liberado.
Olhem para a cracolândia.
Lá se faz uso, todo mundo sabe, alguns lamentam, outros tentam minimizar; mas lá é liberado.
E a vida é jogada fora a cada segundo. A cada ‘’paulada’’.
O pó já não é o mesmo que pode matar por overdose.
A campanha de redução de danos é falha.
Distribuição de seringas, água destilável, preservativos é desnecessário para uma droga que deixou de ser injetável há mais de dez anos.
E dependentes de drogas, em sua maioria; especificamente do pó não vai pensar em sexo seguro visto à própria paranóia causada.
Poucos ainda a usam dessa forma. Intravenosa.
O que fariam pela redução de danos do crack?
Distribuição de cachimbos?
Não se trata de um faz me rir.
Trata – se de hipocrisia.
Ignorância e desinformação.
E falta de coragem e vergonha também.
Além de muito desinteresse social.
Volto a afirmar: ‘’muitos da cracolândia, querem sair de lá’’.
Acontece que devido à obsessão e compulsão que cada um tem; a chance não pode ser única.
A abstinência do crack é pesada volto a dizer.
O gosto desta maldita ‘’pedra’’ fica na boca por dias, semanas.
O registro na memória recente então, nem se fale.
É preciso muito mais.
Aliás, o que realmente tem sido feito para a prevenção do uso do crack?
Aliás, cracolândia precisa deixar de ter esse nome de parque de diversão, para ter um nome mais apropriado como, por exemplo: ‘’portal do inferno’’.
Obrigado pela atenção.
Mas ainda é pouca!
E se é um problema de saúde e não de polícia, é evidente que então primeiro; é um PROBLEMA SOCIAL.
Ora, problema seu também!

DEPENDÊNCIA QUÍMICA ENTRE MULHERES 4: AMY WINEHOUSE



por
Llysanias Pinho
Este quarto artigo, sobre Dependência Química em Mulheres, veio a calhar com o momento da morte da cantora Amy Winehouse!
Um ícone da música negra em uma pele branca!
Mas um ícone, também, da mulher mais dependente química que já se viu nessa década.
Não conheço a história de vida dessa cantora, mas uma pergunta veio à mente.
O que veio primeiro? A loucura ou as drogas?
É certo que em um mundo da música e fama o equilíbrio emocional é fundamental para que se perdure.
Mas, não é o que vemos… haja visto casos como Janis Joplin,Elis Regina, entre outros.
Em nossa experiência, alguns casos de dependência química, entre mulheres, constatamos que uma grande parte se iniciou através de seus relacionamentos afetivo-amorosos.
Começaram seduzidas pela fama do adolescente pretendente. Pode ser que ele fosse belo e então desejado por outras garotas; o que elevaria o número da ‘’concorrência’’. Assim sendo, ele seria disputado como um troféu apenas.
Logo vieram os amigos dos amigos; amigos dele.
Uns meios bizarros, outros sedutores, carentes, simpáticos e amáveis!
Todo aquele agito pode ter sido contagiante na vida dessas garotas.
Até que se iniciem os danos. As perdas!
E os danos se iniciam em brigas dentro de casa.
Em desunião, irritação, intolerância.
Falta de compreensão.
Não é muito fácil mesmo entender porque um filho ou filha começa a se drogar!
E até onde isso pode chegar!?
Mas as relações mantidas por essas filhas, irmãs, se enraizaram de tal forma nestes relacionamentos que as distorções das realidades mantidas pelas suas próprias crenças começam a se tornar comum em suas atividades.
Daí surge às perturbações. Os questionamentos, as traições. E a relação que nunca fôra boa; começa a ganhar a forma de uma relação ‘’doentia’’.
E tudo o que for ligado a asseio, auto-estima, poderá ser distorcido junto.
O uso de drogas só oferece distorções.
E essa distorção pode envolver a pessoa num mundo onde o sofrimento já estará plantado; trazendo a cada dia, as dores e cortes que a vida com as drogas oferece.
Por isso talvez, sair deste mundo custe tanto, e a rotina dentro desta dinâmica dolorida; vai aos poucos acabando com a saúde até de quem não usa drogas no caso de quem geralmente está ao lado para dar apoio.
Muitas famílias criam ou criaram seus filhos, tentando protegê-los do sofrimento. Das amarguras, das dores.
E assim sofremos nossas angústias como pais por não acreditarmos que o que realizamos e fizemos foi fundamental para a personalidade, caráter e índole de nossas filhas/filhos.
A atenção estará sempre voltada para a fase da adolescência e nessa já podemos educar e ajudar os filhos em realizar suas escolhas.
Algumas questões ainda não são definidas, mas no mundo do alcoolismo e drogadição; não há tempo livre ou de folga.
Orientar em mais o que?
Se fizermos tudo que pudermos para ter a honra em poder dormir tranqüilos; poder sonhar crendo que pode ser possível, a realização destes sonhos;
Chamaremos isso de projeto e assim; poderemos realizar várias conquistas.
A paixão deve ser mais bem explicada por nós pais. Aos nossos filhos.
Principalmente para os Homens.
Não vamos refletir agora sobre as causas alucinantes que uma paixão pode chegar, pois já sabemos.
Tentaremos explicar o que já se sabe.
Que a experiência com drogas pode ser fatal.
Com álcool também.
Tentaremos aprofundar em algumas teses elaboradas pela equipe de pesquisas do GRUPO PARAMITAS.
Tentaremos avançar ao que se refere à prevenção.
Mas, alguns sentimentos pedem por maiores esclarecimentos com urgência.
Um deles a paixão.
Fator principal de um relacionamento que entre carentes; pode resultar em fatos em que algumas pessoas tiraram a vida dos próprios filhos.
E a sua própria se matando aos poucos com o álcool, o crack, o pó…

domingo, 29 de agosto de 2010

Hepatite C e o risco de contrair a doença usando COCAÍNA!

Você sabia que 4 milhões e meio de pessoas podem estar contaminadas com o vírus da Hepatite C no Brasil, sendo que apenas 5% delas sabem que estão infectadas? Se formos considerar os casos de Hepatite B, esse número sobe para 6 milhões.
As complicações causadas pela hepatite podem levar à morte, mas pessoas diagnosticadas a tempo podem fazer o tratamento e eliminar o vírus do organismo. Peça ao médico para fazer o exame, principalmente se tiver recebido transfusão de sangue ou passado por procedimento cirúrgico antes de 1992. Também fazem parte do grupo de prevalência as pessoas que já fizeram uso de drogas injetáveis ou inaláveis.
Você não faz parte desse grupo? Fico feliz! Mas faça o exame mesmo assim. Pense que muitas experiências ao longo de nossa vida podem nos ter colocado em contato com o vírus, por exemplo: tatuagens, piercings, dentista, manicure, injeções quando as agulhas ainda não eram descartáveis etc. Esse exame é coberto pelo SUS e por muitos planos de saúde.
"Quando me deparo com pessoas que dizem que não fazem parte de um grupo de risco, me pergunto: 'De que planeta você é?'" Dra Diana Sylvestre In: Lawford, Christopher Kennedy e Sylvestre, Diana. C sua vida mudasse. Manole, 2010

Resumindo bem rapidamente, o artigo teve suas informações distorcidas e acabou rodando a internet, associando a doença à quantidade de parceiros, como se fosse uma DST, o que é uma visão bastante errada.

No entanto, isso traz à tona a falta de divulgação sobre a doença, que está longe do patamar adequado. A Aids, por exemplo, recebe 33 vezes mais recursos do que a Hepatite C. Evidentemente que são doenças distintas e de importâncias diferentes, mas a diferença não deveria ser tão gritante assim.

E nunca é demais lembrar: a Hepatite C age silenciosamente e, segundo estimativas, atinge 3 milhões de brasileiros sem que eles sequer saibam disso. E é bom ficar atento às possibilidades de contaminação, que incluem até a manicure e uma simples extração dentária.

Mobilize-se e ajude a mudar essa percepção errada de uma doença que atinge tanta gente. Faça seu exame anti-HCV.


Fonte: JLineu, o @inconformado

terça-feira, 11 de maio de 2010


Hepatite C é uma doença sexualmente transmissível?


O resultado do anti HCV negativo que meu marido recebeu hoje motivou-me a falar sobre esse tema controverso. Afinal, a hepatite C pode ser considerada uma DST?

Flickr Creative Common- Imagem compartilhada por NeoGaboX

Na minha opinião, não.
As pesquisas mostram que a transmissão da hepatite C entre casais heterossexuais monogâmicos é muito rara. Nos estudos que li, essa ocorrência varia de 0,4% a 3% (com variações dentro desses valores; por exemplo, em artigo apresentado pelo Grupo Otimismo em 2005, o risco seria de 0 a 0,6% ao ano). 

É interessante observar que, em vários casos em que o parceiro também está infectado, o genótipo do vírus ou a variação de seu genoma são diferentes do outro, o que exclui a possibilidade de transmissão entre eles. Além disso, muitas vezes são observados outros fatores de risco, como compartilhamento de lâminas de barbear e instrumentos de manicure, uso de drogas injetáveis ilícitas e uso de tatuagem (que pode ter sido feita sem a devida esterilização/descarte dos instrumentos). 

Em 2007, foi publicado estudo sobre a transmissão sexual por meio de sexo anal. Até então, falava-se da pequena incidência de transmissão no sexo "normal" (risos), mas cogitava-se que no sexo anal, pelo risco de fissuras que pudessem apresentar traços de sangue, o risco seria maior. No estudo realizado com homossexuais masculinos, isso não se verificou. 

No fórum da comunidade Hepatite C no orkut, esse tema foi muito discutido (engraçado que, quando se trata de assunto picante, praticamente só as mulheres falam; os homens ficam lendo caladinhos - porque ninguém me convence que eles não lêem!). A pesquisa foi justamente para saber se havia ocorrido transmissão entre os parceiros. Pelo que lembro, apenas num caso havia ocorrido (mesmo assim, precisamos lembrar das outras possibilidades de transmissão entre o casal).
O engraçado é que, para a pesquisa valer, precisava responder se fazia "barba, cabelo e bigode", porque só "papai e mamãe" não era válido para os fins do nosso "estudo".

Conclusões:
1) Como tem mulher safada por aí (risos risos risos).*
2) A ocorrência de ambos os parceiros infectados é muito pequena - corroborando as pesquisas científicas (essa foi boa, Flor, pesquisa no orkut "corroborando pesquisa científica"). 

* ATUALIZAÇÃO EM 20/05/2010
Numa sociedade onde o sexo ainda é tabu, isso pode ser mal interpretado. Quando falei "safada", me referi a mulheres muito bem resolvidas sexualmente, que não tem pudores de ter prazer com seus maridos - no que me incluo.

A primeira médica que consultei disse que o uso de preservativo era uma escolha do casal, não havendo orientação específica para isso. Meu médico atual já orienta que o preservativo seja usado. De qualquer forma, eu uso pela questão contraceptiva, já que portadoras de hepatite C não devem usar anticoncepcionais a base de hormônios (pílulas, por exemplo) - falei sobre isso no post Hepatite C e anticoncepcionais

Agora, nada de "oba oba", hein gente? Lembrem que a hepatite B é sexualmente transmissível e o risco de contágio é cem vezes mais fácil que o da Aids, além do número de infectados com hepatite B ser três vezes superior aos de infectados com HIV (fonte: Hepatite B - uma epidemia em crescimento). Além disso, não preciso lembrar vocês do número de DSTs existentes, né? Bom, é sempre bom lembrar: Aprenda sobre as DSTs - Ministério da Saúde

A hepatite C não é uma doença sexualmente transmissível, mas, em alguns casos, pode ser transmitida sexualmente. Pra você não há diferença entre essas duas coisas? Pra mim há muita diferença.

Fontes para consulta:
Artigo do Dr. Stéfano Gonçalves Jorge


Atualização em 14/05/2010:
QUIZ - Durante a relação sexual, um dos parceiros tem hepatite C e existe contato de sangue com sangue (por exemplo: menstruação e feridas/fissuras). O outro pode ser infectado?
1) Sim    2) Não

Resposta: Sim... "sangue com sangue". A infecção não se daria pela relação sexual em si (fluidos), mas pelo contato sanguíneo.

terça-feira, 29 de setembro de 2009


Pneumonia e hepatite C


Hoje recebi cópia dos prontuários de minhas quatro internações hospitalares na infância. Registro aqui a rapidez e eficiência do hospital São Lucas da PUC em atender ao meu pedido.

Todas elas foram por problemas pulmonares, a primeira aos 5 anos (há 26 anos atrás) e a última aos 12. No total, foram duas cirurgias. Numa dessas "hospedagens", durante uma transfusão de sangue, contraí o vírus da hepatite C (estranho que não encontrei menção à transfusão no prontuário ou, pelo menos, eu não soube identificá-la).

Ainda terei a oportunidade de contar pra vocês sobre essas experiências, principalmente a de 1986, quando tinha 8 anos: pneumonia causada pela bactéria Staphylococcus aureus (claro que eu tinha que escolher uma bactéria dourada). Olha a foto dos bichinhos aí ao lado.

Um dos médicos chegou a dizer para minha mãe que eu ter sobrevivido foi um milagre - concordo plenamente, mas faz parte desse milagre a competência da equipe médica.

Quero aproveitar para agradecer, mais uma vez, ao Dr. Renato Stein (meu pediatra) e ao Dr. Cyrus (cirurgião pediátrico).

Não gostaria de ser injusta, mas seria impossível lembrar do nome de toda a equipe, que sempre foi tão carinhosa. Além do Renato, tinha a Margareth, o Kipper, um outro pediatra que eu só me lembro como "o médico bonito" (minha mãe acha que ele se chamava Paulo) e a enfermeira Perosa.

Devorei as 100 páginas dos prontuários em poucos minutos. Chorei algumas vezes. Primeiro, e principalmente, por pensar no sofrimento da minha família.

Depois, por reviver aqueles 42 dias de hospital em 86. Tenho tantas cenas gravadas na minha mente! Por exemplo, quando a médica escreve que demonstrei medo quando fui informada da punção lombar que faria no dia seguinte. Mas, convenhamos, quem não teria medo? Dá uma olhadinha aqui como é.

Me lembro da punção, me lembro do medo, me lembro da dor que era só de ficar na posição necessária. Mas também me lembro o quanto fui corajosa nesse dia - e em todos os outros.

Tá vendo, já estou chorando de novo... porque ô guriazinha porreta que eu fui!

Eu falei pra minha mãe que não a deixarei ler o prontuário, porque as palavras por si só, mesmo na fria linguagem médica, já evidenciam a gravidade da situação, já mostram o sofrimento pelo qual passei, tão pequenina - passamos todos.

Que tal: "Piora importante, comprometimento quase total do pulmão esquerdo, com atetectasia e derrame pleural", "dor", "drenagem de secreção sanguinolenta", "dor", "surtos psicóticos", "dor", "febre que não cede com os medicamentos", "dor" etc.

Acho que é por isso que estou lidando bem com a hepatite C agora.
Porque já passei por coisa muito pior.

Mas, acreditem, o hospital é uma lembrança boa para mim. Claro que ficaram alguns traumas - graças a Deus, não fiquei com nenhuma das inúmeras seqüelas possíveis - mas no geral é uma lembrança muito positiva: as pessoas (familiares, amigos, médicos, enfermeiros), as situações, as histórias (quantos livros me foram lidos naqueles 42 dias!), os presentes, o pão de queijo da lanchonete, as brincadeiras...

E eu que achava que minha memória era ruim! Vocês não imaginam o filme que passou agora na minha cabeça.

Filme bom, com final feliz.

Hepatite C é só um "detalhe", pra não deixar o final da história monótono (ou pra eu continuar sendo muito mimada - adoro essa parte).




1986 - Festa na AABB Porto Alegre em comemoração à minha volta pra casa do hospital.
O que eu falava mesmo sobre ser mimada???

sábado, 23 de maio de 2009


Engravidando com hepatite C


Respondendo a uma pergunta que me foi feita no orkut: a decisão de engravidar foi a coisa mais acertada que já fiz em toda a minha vida e foi baseada na razão, na emoção e na :


1) RAZÃO: A probabilidade do vírus passar para o bebê - o que pode acontecer somente na hora do parto - é muito pequena (dependendo da pesquisa, de 4 a 7%). Meu infectologista estava mais tranquilo do que eu, porque ele disse que nunca viu isso acontecer - e olha que ele é muito experiente na área. Segundo ele, mesmo que ocorra a transmissão vertical (da mãe para o bebê), muitas crianças negativam o vírus naturalmente. Tem também aquela questão da evolução da doença ser mais lenta quando a infecção ocorre na infância e a possibilidade das crianças responderem melhor aos medicamentos do que os adultos.

2) EMOÇÃO: O sonho e o desejo de ter essa criança pesaram na balança muito mais do que o medo. Eu acreditava que a alegria de sua presença em nossa família seria infinitamente maior do que qualquer outra coisa (e agora vejo que eu estava certa - mesmo que ela tivesse sido infectada, nossa vida seria muito mais feliz com ela do que sem ela).

3) FÉ: Principalmente, acredito que tudo em nossa vida acontece do jeitinho que tem que ser! Então, se acontecesse o pior - mesmo com uma probabilidade tão pequena - seria a vontade de Deus. E como tudo o que Ele faz é para o nosso bem, com certeza seria algum aprendizado pra gente (família e criança), uma certa cumplicidade ao partilhar a luta, ou algo que seríamos incapazes de compreender, mas teríamos que aceitar como uma prova e uma oportunidade de crescimento e amor.

Como eu me senti durante a gravidez? Acho que, como toda grávida, com muitas inseguranças e angústias. Embora façamos um acompanhamento mais frequente durante a gestação, não há nada que possamos fazer para prevenir que ocorra a contaminação na hora do parto (até no tipo de parto - normal ou cesárea - os estudos já mostraram que não há diferença significativa).

Minha gravidez foi meio complicada, mas tanto o obstetra quanto o infecto são da opinião que nada daquilo teve a ver com a hepatite. A tal colestase intra-hepática é uma "doença de gravidez", também chamada prurido gestacional, e não há nada que a relacione com o vírus C.

Para quem está pensando em engravidar, não encare nada disso como conselho; é apenas a minha experiência. Pesquise, converse com seu médico e, principalmente, com a sua família. Se a razão, emoção e fé de vocês os levarem à decisão de ter o bebê, que Papai do Céu os abençoe. Caso contrário, que os abençoe também e que sua família seja muito feliz. A hepatite C é apenas uma pedra no nosso caminho, mas pedras não nos impedem de prosseguir e alcançar o objetivo de todos nós: a felicidade, seja qual for a decisão.

Falo mais sobre isso no post: Minha criança cristal

Mais sobre o assunto:
Artigos sobre hepatite e gravidez - www.hepato.com

Para quem ficou em dúvida: sim, na foto somos eu e a Amanda (quando eu ainda tinha cabelo - rs!).

sexta-feira, 22 de maio de 2009


Epidemia silenciosa


Número de infectados (OMS)
Hepatite C - Brasil: 4,5 milhões. Mundo:
170 e 200 milhões.
Hepatite B - Brasil: 2 milhões. Mundo: 350 milhões.
Atenção: 95% dos infectados nem desconfia que tem a doença.

Mortes (dados de 2002)
929.000 mortos no mundo vítimas das hepatites B e C
(hepatite B: 235.000 mortes por cirrose e 328.000 por câncer de fígado; hepatite C: 211.000 mortes por cirrose e 155.000 por câncer de fígado).

Evolução da doença
Após o contato inicial com o vírus, o quadro evolui para cirrose em 20 a 30 anos. Após a instalação da cirrose, de 6 a 10 anos evolui para câncer de fígado. A cada ano, há 1,2 milhões de casos de câncer de fígado somente pela hepatite B (fonte: Sociedade Britânica de Gastroenterologia).

A maior parte das infecções pela hepatite C ocorreram nas décadas de 70 e 80. Por isso, espera-se que o ápice dos problemas causados pela epidemia de hepatite C aconteça em 2015 (daqui a seis anos) - uma "bomba viral" a explodir, podendo provocar a morte de centenas de milhares de indivíduos.

O que podemos fazer diante desse cenário?
Em primeiro lugar, faça o exame das hepatites! Quanto antes detectado o vírus e iniciado o tratamento, maiores as chances de cura, evitando a evolução da doença.
Depois, divulgue essas informações entre seus contatos!

Prevenção

Hepatite A: saneamento básico, tratamento adequado da água, alimentos bem lavados e cozidos e lavar sempre as mãos antes das refeições. Há vacina (particular).

Hepatite B: usar preservativo nas relações sexuais, cuidado em situações que propiciem o contato do vírus com seu sangue: por exemplo, compartilhar seringas, aparelho de barbear, escova de dente, alicate de cutícula, agulhas de tatuagem etc. Há vacina (postos de saúde).

Hepatite C: sobretudo evitar contato de sangue com sangue. Grupo de risco: quem passou por procedimento cirúrgico ou transfusão de sangue antes de 1992 e pessoas que utilizaram material não-descartável ou mal esterilizado alguma vez na vida (seringas de vidro, dentista, manicure, tatuagem, piercing, uso de drogas injetáveis ou inaláveis etc - ou seja, quase toda a população mundial!). Não existe vacina.

Omissão das autoridades

Se o caso é tão grave, porque não há ações efetivas dos Estados? A hipótese mais provavél é a econômica: o custo do tratamento é muito elevado. Como dizem, a hepatite C daqui há algumas décadas não será mais um problema: os infectados, ou estarão curados, ou estarão mortos. Ver post nesse blog:
Erradicação da hepatite C


Fontes:
Hepatites B e C já representam uma das maiores causas de morte no mundo
O mais comentado no Congresso DDW 2008
BVS - Dicas de Saúde Hepatite

segunda-feira, 18 de maio de 2009


Hepatite A


Está ocorrendo um surto de hepatite A no Entorno do DF, conforme divulgado pela imprensa: DFTV - Surto de hepatite A. Segundo a matéria, doze crianças teriam contraído a doença em Águas Lindas de Goiás e, embora o risco de morte seja considerado pequeno, duas delas teriam morrido - que Deus conforte o coração dessas famílias.

A hepatite A é transmitida principalmente por água ou alimentos contaminados, ou de pessoa para pessoa. Não existe tratamento específico - os remédios buscam apenas reduzir os sintomas, que muitas vezes nem aparecem. Dois meses após a contaminação, costuma-se já estar 100% curado (incluindo o período em que o vírus fica incubado, sem manifestação).

Existe vacina, mas só em clínicas particulares. São duas doses, com intervalo de seis meses (custo médio em Brasília: R$ 80,00 a dose). As crianças podem ser vacinadas a partir de 1 ano de idade. A vacina é recomendada a pessoas com hepatopatias (eu fui vacinada na adolescência - contra a hepatite A e B).

Aproveitando a oportunidade, lembro que a vacina contra hepatite B faz parte do calendário de vacinação nos postos de saúde. São três doses, ainda no primeiro ano de vida. Jovens até 19 anos também podem ser vacinados, gratuitamente. Procure o posto de saúde mais próximo à sua casa!

Conheça mais sobre a hepatite A: Cives - UFRJ


NÃO CONFUNDA!!!
Há muito preconceito contra portadores de hepatite B e C, porque as pessoas confundem sua forma de transmissão com a da hepatite A.
Os vírus B e C são transmitidos sobretudo pelo sangue (e, convenhamos, em situações normais não costumamos misturar nossa sangue com o de outras pessoas - como diz um desenho que minha filha assiste: "não se vê isso todos os dias").


Não se pega hepatite C compartilhando talheres, na água, nos alimentos, no vaso sanitário etc. Não se pega em beijo, nem em abraço (mas atenção, a hepatite B, como o HIV, pode ser transmitida sexualmente - use sempre camisinha!).

quarta-feira, 15 de abril de 2009


Hepatite no salão de beleza


O comentário do Hugo na última postagem levanta uma questão muito importante: às vezes achamos que estamos tomando o cuidado necessário para nos proteger de doenças infecciosas, mas podemos estar enganados.

Um exemplo são os salões de beleza. A maior parte deles exibe o sua estufa aos clientes e conta com orgulho que lá tudo é esterilizado.
O problema é que, para que o vírus da hepatite realmente seja eliminado, é necessário que esse aparelho esteja numa determinada temperatura e o procedimento dure de 1 a 2 horas.
Fica pra cada um, com base no que observa nos salões que frequenta, julgar se isso é feito da forma correta, a cada uso dos instrumentos.

Além disso, a contaminação pode ocorrer por outras vias. Você já se perguntou, por exemplo, se o pauzinho que tira o excesso do esmalte é descartado a cada cliente?

Eu, particularmente, não posso afirmar com certeza que os procedimentos adequados são executados por todos os profissionais. Por isso, e por responsabilidade, prefiro tomar minhas próprias providências: levo sempre o meu kit.
Mas vou abrir meu coração: pra mim é assustador pensar que, em todos esses anos que eu desconhecia que era portadora do vírus, devo ter feito as unhas em salão algumas milhares de vezes. Como minha cutícula é fininha, é muito comum que as manicures me cortem (e quem nunca teve um bife tirado?). Dizem que o vírus da Hepatite C sobrevive por até 3 dias nos instrumentos (diferente do HIV, que é menos resistente). Dizem também que temos aproximadamente 4,5 milhões de infectados com o VHC no Brasil, sendo que 95% não sabe disso e, portanto, não deve tomar os cuidados necessários para evitar a transmissão. E existem ainda os infectados com o vírus da hepatite B e outras doenças. Estão entendendo onde quero chegar?

Há 2 meses, uma reportagem do Fantástico alertou para esse risco.
Segundo a pesquisadora entrevistada, o ideal é que a cliente tenha o seu próprio kit, com alicate, espátula, toalha, palitos, lixa, esmalte. A manicure também deve usar luvas (no meu kit, eu mesma levo luvas descartáveis de silicone, dessas que se compra em farmácias).

Qual é o tamanho do risco? Difícil calcular, mas se pode ter uma idéia quando o resultado da pesquisa apresentada no Fantástico mostra que das 100 manicures pesquisadas, 10% tinham o vírus da hepatite B ou C.

Não é para assustar, é para alertar...
Não precisa deixar de fazer as unhas, basta tomar os cuidados necessários: Ame-C!
Veja a reportagem no link:
É possível pegar hepatite ao fazer as unhas - Fantástico 08/02/2009

sexta-feira, 10 de abril de 2009


Minha criança cristal


Queria falar pra vocês sobre minha menininha linda, que hoje tem 1 ano e meio de idade.

Com certeza, uma criança da geração cristal, como nos descrevem Divaldo Franco e Vanessa Anseloni no livro "A Nova Geração: a visão espírita sobre crianças Índigo e Cristal":

"Espíritos mais elevados igualmente estão chegando à Terra, a fim de auxiliarem na grande transição planetária. São as crianças denominadas cristal. Aquelas que não são rebeldes, mantendo-se silenciosas, observadoras, responsáveis. De início, parecem ter dificuldade de se expressarem verbalmente, o que logram, quase sempre, a partir dos 3 anos de idade. Não são irriquietas como as índigo. São muito introspectivas, gentis, amorosas..."


Parece que estão falando da minha florzinha! Que criança doce ela é: tranqüila, meiga e muito carinhosa! Tracy Hogg*, a encantadora de bebês, a descreveria como um "bebê anjo".
* Livro: "Os segredos de uma encantadora de bebês", de Tracy Hogg com Melinda Blau.

Meu sonho sempre foi ser mãe. Acho mesmo que nasci pra isso.
Quando eu era bem pequena e não sabia como os bebês eram feitos, eu rezava muitas noites pedindo que Deus me deixasse engravidar. E ainda argumentava: "Sei que sou pequena, mas vi na televisão que uma menina de 9 anos teve um bebê. Sou um pouco mais nova, mas prometo que conseguirei cuidar direitinho. E minha mãe também pode me ajudar."
Bobinha e sem noção...
Mas o que importa é o sonho.

Sonho que decidi realizar no final de 2006. Já sabia que era portadora do vírus da Hepatite C, mas coloquei nas mãos de Deus.
E ele me trouxe, em setembro de 2007, a criança mais adorável que já conheci (e que acabou de chegar aqui toda orgulhosa me mostrando um protetor de tomada - o que quer dizer que ela pode tomar um choque em algum lugar pela casa... deixa eu verificar).

Bom, voltando, como já contei a vocês, minha filha não é, Graças a Deus, portadora da Hepatite C. O vírus pode ser transmitido da mãe para o bebê na hora do parto. Dependendo da pesquisa, a probabilidade varia entre 4% e 7%, sem diferença significativa entre parto normal e cesariana.

O primeiro exame Anti-HCV, feito ao nascer, deu positivo. Fiquei assustada, mas me explicaram que isso é normal, porque o sangue da mãe e do bebê ainda estão muito misturados nessa hora (ou algo assim). E, por outro lado, esse exame mostra que já houve contato com o vírus e não necessariamente que existe o vírus no sangue.

Aos três meses, ela fez o PCR Qualitativo, que não detectou o vírus! O resultado saiu um dia antes do Batizado. Não preciso nem dizer o quanto chorei de emoção na cerimônia, né? (Não sou católica, mas acho o batismo um ritual especial. O significado pra mim não é o mesmo que para os católicos, mas também é um momento de muita fé).

Por protocolo, repete-se o exame novamente aos 18 meses. Acho que é porque ele não detecta quantidades pequenas do vírus no sangue e, aos 18 meses, já haveria tempo para a sua replicação. Assim, temos o veredicto final.

E deu NEGATIVO!
Nessa hora me convenci que devo ser uma pessoa muito boa mesmo, para merecer tamanha benção!

Isso aconteceu há 20 dias.
E foi um sufoco tamanho: o exame não ficou pronto no dia certo, eu ligava pro laboratório e ninguém sabia me dizer o que tinha acontecido. Ficavam de retornar a ligação... e nada. Teve um final de semana no meio da história, que o laboratório não funcionou.
Na segunda-feira, liguei, fui lá pessoalmente, até que recebi a ligação da assessoria científica dizendo que teria que repetir o exame. Isso me deixou muito nervosa, porque, por experiência, sei que eles mandam repetir quando o resultado é positivo.
Mais uma semana de angústia até o feliz resultado.
Foi a pior semana até agora desde que comecei o tratamento.

Eu sinto que o que segura um pouco os efeitos colaterais é o equilíbrio emocional. Como me desequilibrei... fiquei muito mal! Nem tive condições de ir trabalhar. A sensação o tempo todo era de que, a qualquer momento, eu perderia os sentidos.
Conversei com meu médico, que na hora percebeu que devia ser emocional, mas pediu que eu procurasse o pronto-socorro para dar uma checada. Fiz todos os exames e, no final, saí de lá com a receita de um calmante de tarja preta (que tomei por três dias, até sair o resultado).

Mas agora está tudo bem.
E depois do que mostrou o exame da minha gatinha, o que vier pra mim daqui pra frente é lucro!

Ah! Eu amamentei até os oito meses, o que confirma que realmente a amamentação não traz risco para o bebê. Meu peito nunca rachou e, por isso, nunca houve contato com o meu sangue.

Se bem que, lembram da minha tia que também tem Hepatite C? Pois é, quando ela teve os meus primos, já era portadora da doença (embora não se conhecesse a Hepatite C, os exames dela apontavam que ela tinha uma tal de "Hepatite não-A e não-B"). Ela amamentou os três filhos, sendo que o peito dela rachava e chegava a sangrar. Minha mãe conta que um dos meus primos parecia um vampirinho, com sangue escorrendo pela boca quando mamava. E nenhum deles tem o vírus. Eu não arriscaria, mas, de certa forma, é um conforto saber que as crianças, de modo geral, estão um pouco mais protegidas.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

AS DROGAS VICIAM - Dependência Física

Consiste na necessidade sempre presente, a nível fisiológico, o que torna impossível a suspensão brusca das drogas. Essa suspensão acarretaria a chamada crise da "abstinência". A dependência física é o resultado da adaptação do organismo,independente da vontade do indivíduo. A dependência física e a tolerância podem manifestarem-se isoladamente ou associadas, somando-se à dependência psicológica. A suspensão da droga provoca múltiplas alterações somáticas, causando a dramática situação do "delirium tremens".


Isto significa que o corpo não suporta a síndrome da abstinência entrando em estado de pânico. Sob os efeitos físicos da droga, o organismo não tem um bom desenvolvimento.






Dependência Psicológica






Em estado de dependência psicológica, o indivíduo sente um impulso irrefreável, tem que fazer uso das drogas a fim de evitar o mal-estar. A dependência psicológica indica a existência de alterações psíquicas que favorece a aquisição do hábito. O hábito é um dos aspectos importantes a ser considerado na toxicomania, pois a dependência psíquica e a tolerância significam que a dose deverá ser ainda aumentada para se obter os efeitos desejados. A tolerância é o fenômeno responsável pela necessidade sempre presente que o viciado sente em aumentar o uso da droga.


Em estado de dependência psíquica, o desejo de tomar outra dose ou de se aplicar, transforma-se em necessidade, que se não satisfeita leva o indivíduo a um profundo estado de angústia, (estado depressivo). Esse fenômeno não deverá ser atribuído apenas as drogas que causam dependência psicológica. O estado de angústia, por falta ou privação da droga é comum em quase todos os dependentes e viciados.










Requisitos Básicos da Dependência






1 - forte desejo ou compulsão para consumir a substância;


2 - dificuldade no controle de consumir a substância em termos do seu início, término ou níveis de consumo;


3 - estado de abstinência fisiológica quando o uso cessou ou foi reduzido (sintomas de abstinência ou uso da substância para aliviá-los);


4 - evidência de tolerância, de tal forma que doses crescentes da substância psicoativa são requeridas para alcançar efeitos originalmente produzidos por doses mais baixas;


5 - abandono progressivo de prazeres ou interesses alternativos em favor do uso da substância psicoativa, aumento do tempo necessário para obter ou tomar a substância psicoativa ou para se recuperar dos seus efeitos;


6 - persistência no uso da substância, a despeito de evidência clara de consequências manifestamente nocivas, tais como dano ao fígado por excesso de álcool, depressão consequênte a período de consumo excessivo da substância ou comprometimento cognitivo relacionado à droga.






Uso de Droga em Adolescentes


Idade de início Substância Tempo para uso problemático


11 anos álcool 2,5 anos


12 anos maconha 1 ano


13 anos cocaína 6 meses


14 anos crack 1 mês










Perfil dos Usuários


81% são de classe média


46,8% cursam o nível superior


50% mencionam apenas os efeitos positivos da droga


84% já tiveram episódios depressivos após o uso


65,6% acreditam que o ecstasy é seguro


15,6% já tiveram problemas financeiros pelo uso do ecstasy


100% usam a droga em grupo


100% são usuários de outras drogas como maconha, cocaína e LSD










Dados Epidemiológicos






20% da população usam substâncias psicoativas no decorrer da vida;


15% no mínimo são portadores da doença da dependência química;


10% a 12% desses usam mais de uma droga concomitante;


A incidência de DQ é de 2 a 6 vezes maior no homem;


DQ evolui do álcool para drogas mais pesadas;


150 mil óbitos/ano por alcoolismo nos USA;


15% dos DQ cometem suicídio (20 vezes maior que na população).










Transtornos Psiquiátricos em Pacientes Dependentes de Álcool






- 218 pacientes alcoolistas x 218 pacientes não alcoolistas - Serviço Ambulatorial Universitário do estado de São Paulo;


- Prevalência em toda vida (LTP) de transtornos psiquiátricos: 70% população alcoolista x 26% população não alcoolista;


- Depressão maior em 50%;


- Personalidade anti-social em 30%;


- Fobias em 20%;


- Abuso/dependência de outras drogas em 19%.






Transtornos de Personalidade na dependência da Cocaína






- prevalência ao longo da vida de transtornos psiquáticos foi de 69%;


- 29% com transtornos afetivos e ansiosos


- 40% com transtornos de personalidade


- 31% sem transtornos






Saiba como Agir nas Emergências






Aprenda a conhecer os sintomas de overdose (intoxicação aguda) e saiba o que fazer quando uma pessoa exagerou no uso de drogas e pode estar precisando da sua ajuda:






Conheça os sintomas:


- Perda da consciência, coma ou sono repentino e/ou profundo


- Respiração lenta ou curta ou parada da respiração


- Sem pulso ou pulso fraco


- Lábios roxos


- Convulsões, movimentos involuntários, desmaios


- Palpitação, taquicardia, dor no peito






Saiba o que fazer:


- Chame o resgate ou ajuda médica para emergências, imediatamente.


- Nunca deixe a pessoa sozinha.


- Deite a pessoa de lado, tenha certeza de não haver comida ou vômito na garganta.


- Afaste o queixo do peito.


- Nunca dê outra droga para combater o efeito.


- Nunca ponha nada na boca da pessoa, incluindo água ou medicamentos.


- Se a pessoa estiver tendo uma convulsão segure a sua cabeça com cuidado para não bater no chão ou em algum móvel






Atenção: A mistura de qualquer droga com álcool ou outras drogas aumenta o risco de overdose, ferimentos, violência, abuso sexual e morte.






Vício sem Fim






Por que é possível se tornar dependente de jogos, chocolate, compras


e até mesmo sexo -










Loucos por Pílulas






Remédios para emagrecer, dormir ou combater a impotência geram uma mania pelo consumo exagerado de medicamentos, cada vez mais frequente nos países desenvolvidos









"LOUCURAS DENTRO DA LEI"

Um longo passado de consumo e de abuso fazem do cigarro e do álcool drogas aceitas pela civilização ocidental, apesar de seus efeitos nocivos no corpo humano



Olhe em torno. Se você não estiver sozinho, é provável que alguém esteja fumando ou bebendo algo alcoólico a sua volta. Não é por menos: hoje, ambos os hábitos estão dentro da lei e são considerados "naturais" por muita gente.


Fumar está sendo cada vez mais proibido em lugares públicos, mas o ato em si continua perfeitamente legal. No caso do álcool, com a exceção de alguns países que seguem leis islâmicas estritas de proibição a bebidas alcoólicas, beber também não é contra a lei na maior parte do planeta.


No entanto, tabagismo e alcoolismo são considerados não apenas doenças, mas verdadeiras epidemias globais. São drogas que causam dependência física: quanto mais alguém as usa, mais quer continuar usando, e em maior quantidade.


A maior ironia sobre o uso do tabaco diz respeito à justificativa que os seus primeiros usuários deram para fumar em paz. As plantas da espécie conhecida pelo nome científico Nicotiana tabacum eram enroladas e fumadas porque teriam virtudes "medicinais", tanto para índios americanos que iniciaram o hábito, como para europeus que o introduziram no resto do mundo.


Hoje se sabe que é justamente o contrário. Fumar faz mal tanto à saúde de indivíduos como das populações. É uma droga que vicia e mata lentamente, embora seu consumo seja legal como resultado de sua história.


Depois que os europeus, liderados pelo navegador genovês Cristóvão Colombo, chegaram às Américas, várias plantas de importância global foram levadas para os demais continentes. Antes da expedição de Colombo, por exemplo, não havia tomate na Europa. E as batatas fritas só foram inventadas depois que foram levadas ao Velho Mundo, assim como a mandioca só se tornaria a dieta básica dos africanos depois que foi importada da América.






Moda Européia






O mesmo vale para o tabaco. Ninguém fumava na Europa antes da era das grandes navegações. No século 16, os europeus se esforçaram para aprender como fumar ou cheirar tabaco (na forma de rapé). Os franceses foram alguns dos primeiros entusiastas. O gênero Nicotiana ao qual pertencem as várias espécies de tabaco - como a mais selvagem Nicotiana rustica - homenageia o embaixador francês em Lisboa, Jean Nicot, que teria sido em pioneiro a enviar sementes da planta para o seu país, por volta de 1550.


O diplomata francês também teve ser nome emprestado para um substância presente no tabaco, a nicotina, responsável por boa parte dos problemas que o hábito de fumar causa, pois ela provoca dependência ao agir no organismo.


O vício sempre esteve à frente das pesquisas que procuravam desmascarar seus efeitos. Já no século 19 se especulava que fumar causaria câncer, notadamante na boca. Mas só na segunda metade do século 20 que as provas científicas se acumulariam de modo incontestável, ligando o hábito de fumar principalmente ao câncer do pulmão. Essas provas sempre foram "contestadas" pelos interessados em perpetuar o tabagismo - os agricultores e os fabricantes de cigarros, charutos, fumo de rolo, rapé, etc.


Além do câncer, o cigarro causa outros efeitos nocivos ao organismo. Com ele, o pulmão tem de trabalhar mais intensamente. É produzido mais muco, que se torna em caldo de cultura para vírus e bactérias, aumentando a suscetibilidade a resfriados, bronquites e outras doenças respiratórias. A fumaça também enfraquece a ação de células que removem partículas estranhas das alvéolos pulmonares.


O coração também tem que trabalhar mais por causa da fumaça nos pulmões. O batimento cardíaco pode aumentar em até 30% durante os primeiros dez minutos depois que a pessoa começa a fumar. E o monóxido de carbono, o mesmo gás incolor do escapamento dos automóveis, entra na corrente sanguínea e faz com que a pessoa receba menos oxigênio em órgãos vitais, como o cérebro. Quem fuma muito pode ter a capacidade de transporte de oxigênio do sangue diminuída em 15%.






Dificuldade em tragar






Fumar nunca foi algo fácil para principiantes. A idéia de aspirar a fumaça de um cilindro de papel com folhas queimando dentro não é de fato muito natural, como miríades de adolescentes aprenderam ao longo dos anos. Mas a pressão social para fazê-lo passou a ser muito grande em determinados momentos da história humana. Fumar se tornou um hábito chique e, ao mesmo tempo, coisa de homem, de macho, ou de mulheres modernas, emancipadas.


A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) deu impulso ao hábito. Cigarros aliviavam a tensão dos combatentes e dos milhões de civis pegos no fogo cruzado. Cigarros viraram moeda de troca. Soldados, especialmente os americanos, recebiam cigarros como parte normal de suas rações (oficiais também recebiam garrafas de uísque, ajudando a disseminar outro hábito viciante).


A indústria cultural acompanhou a tendência. Detetives durões como os vividos por Humphrey Borgat no cinema, ou mulheres desejáveis como Rita Hayworth tinham um copo de uísque em uma mão e um cigarro na outra.


Fumar, assim como beber alucinadamente, é um suicídio lento. Nesses dois casos, o pulmão e o fígado, respectivamente, vão sendo castigados até o momento em que pedem água.


Os dados mostram que o risco de desenvolver um câncer ligado ao tabaco - no pulmão, mas também na bexiga e no esôfago, por exemplo - aumenta de acordo como o número de cigarros fumados por dia e a duração do hábito. O conteúdo de alcatrão no cigarro também tem seu papel. Qual a dimensão básica do risco? Um fumante tem 20 a 30 vezes mais chance de morrer de câncer do pulmão do que um não-fumante.






Álcool e Deuses






O álcool etílico tem um pedigree mais nobre, embora cause também enormes problemas de saúde. Se o tabaco é um vício relativamente recente na maior parte do planeta, o álcool é antiquíssimo - tão antigo quanto a própria civilização.


Há milhares de anos homens e mulheres se embebedam com os produtos da fermentação e da destilação do álcool. Está na Bíblia dos cristãos e judeus, no livro do Gênesis, que Noé bebeu vinho e ficou de porre, terminando vergonhosamente pelado em sua tenda. Depois disso, ele teria se redimido da bebedeira com a famosa arca cheia dos animais que deveriam sobreviver a um dilúvio.


Noé não seria classificado de alcoólatra pelo seu mero porre e ressaca no dia seguinte. Para isso, seria preciso que o hábito continuasse sem controle e afetasse sua vida cotidiana, impedindo a pessoa de trabalhar e manter relações com os demais. Em casos extremos, o viciado em álcool sem acesso à bebida, tem alucinações, tremores e suores semelhantes às de um viciado em ópio.


O efeito do álcool está diretamente relacionado com a concentração no sangue. Em uma pessoa de cerca de 75 Kg, uma concentração de 0,03% de álcool no sangue (provocada por um copo de vinho, por exemplo) já causa uma sensação de relaxamento. Triplicando-se a dose (0,09% de álcool no sangue), a fala e o controle dos músculos são afetados.


Com 0,12%, a capacidade de raciocínio lógico é reduzida, e desaparecem as inibições e o autocontrole. Aos 0,18% a pessoa tem todo seu comportamento afetado, com pernas bambas e dificuldade em ficar acordada. Se o nível de álcool atinge 0,5% do volume do sangue, a pessoa entra em coma profundo, com alto risco de morte. Finalmente, se o índice chega a 1%, a parte do cérebro que controla a respiração deixa de funcionar, levando à morte.






Processo Ancestral






Bebidas alcoólicas são comuns sob o ponto de vista histórico porque a base do processo é um fenômeno natural. Açúcares, estejam eles em frutas, seivas, mel ou cereais, fermentam - isto é, reações químicas produzem álcool etílico, tendo como resultado final o que se chama de "vinho" ou de "cerveja". Foi assim que o ser humano descobriu a embriaguez: acidentalmente. Aquele pote cheio de suco de uva que, de repente, ficou mais interessante...


O próximo passo foi decididamente humano: a invenção de uma técnica para destilar o fermentado, aumentando em muito a concentração de álcool. É por isso que uma cerveja pode ter 4,5% de álcool e um vinho chega a 13,5% enquanto uma vodka, gin, rum ou cachaça pode ultrapassar a casa dos 40%.


Os efeitos do álcool tinham algo de religioso, de místico e mesmo de medicinal na história antiga. Por isso, bebidas fizeram e fazem parte de cerimônias de iniciação, de ritos de passagem, de casamentos. O casal que hoje brinda com champagne é um herdeiro direto do homem e da mulher das cavernas que tomavam sua proto-cerveja, seu proto-vinho.






Bebida Medicinal






Surgidas as primeiras civilizações, também aparece a mística do álcool como algo medicinal, como aconteceu na antiga Mesopotâmia - apesar de simultaneamente, e de modo bem prático, os antigos babilônios, sumérios e assírios também se preocuparem com os efeitos da embriaguez e legislarem a respeito.


No código de leis do rei Hamurabi já havia regulamentos sobre o ato de beber - mas menos restritivos que a famosa "Lei Seca" americana, o período entre as guerras mundiais durante o qual a fabricação e venda de bebidas alcoólicas foram proibidas nos EUA, gerando, como subproduto indesejável, o gangsterismo de gente como o bandido Al Capone.


Apesar das restrições eventuais, o vinho se espalhou pelo mundo. O deus grego Dionísio, chamado de Baco pelos romanos, personificava o vinho - e, apesar dessa fama pagã, o vinho tinto passou a simbolizar o sangue de Cristo na liturgia cristã, além dos clássicos bacanais, as orgias de sexo e vinho dos adoradores de Baco.


Essas e outras múltiplas utilizações do álcool etílico tornaram seu consumo socialmente aceitável, senão desejado. E tornaram as sociedades mais frágeis aos abusos. Destilados ou fermentados baratos foram usados como mercadoria valiosa para aliciar populações vulneráveis, como índios americanos (incluindo os brasileiros), ou africanos. O álcool literalmente dissolveu culturas em várias partes do Terceiro Mundo. Cachaça brasileira, por exemplo, era mercadoria para compra de escravos na África.